terça-feira, julho 30, 2013

Ensaio de Soneto

Arte: Margarita Sikorskaia

Com Lenine, transformei a perda em recompensa
Pra em Zoli ver os momentos felizes no hoje
E no flerte com a solidão, orei ao tempo feito Gadú
Contemplando o vigorar do que há de ser

Em apenas um dia? Perguntei a Chico Buarque
Daí fala Caetano pra eu não sugar todo esse leite
Porque amores serão sempre amáveis, voltou Buarque
Porém, se doer demais, soou Cazuza, é porque valeu

Sabe como é? Questionou Nando Reis
Sei dos sintomas por Marisa Monte
Ao perder o foco do meu plano, mesmo ilegal, com Daniela e Vanessa
Então sinta, retorna Gadú, uma força que embala tudo

E deixa esse novo amor chegar, emendou Jobim
Ainda que avance sem ponderar no teu íntimo de garoto, lembrou Lenine
Podendo, sim, disse Vanessa, tudo acontecer
Sem mais precisar provar nada pra ninguém, sussurrou Renato Russo

De fato, dentro de mim já demora, falei por Chico Cesar
E por Frejat lhe peço: vem...Ofereço meu calor e endereço
Vou guiando, como Cássia, mas seguindo seus pés
Vamos dormir ao amanhecer, até o fim, como Herbert
Pra não ter nunca mais que terminar




domingo, julho 14, 2013

Costura


Arte: Leda Catunda

Tua agulha fura minha seca razão

Borda o despertar para sons

Da íris, faz renda aos olhos

Puxa aromas de um novelo difuso

Alinhava na boca outras palavras 

Desabotoa o peito, abotoando a dor

Põe nó na junção de peles

Pesponta o íntimo na cumplicidade

Com linha simples tece fazenda una e rica

Encobrindo minha miséria

Porque costura-te em mim.

terça-feira, julho 09, 2013

FLIP 2013 - Um punhado do que ficou comigo.


Quero compartilhar com vocês um pouco do que absorvi deste dia de domingo que passei pela 11º FLIP em Paraty-RJ.
Neste ano, o festival homenageou o escritor Graciliano Ramos, figura importante na literatura brasileira, mas também na minha história, momento este que deu um gosto especial nestas minhas férias.

Não pelo fato de poder acessar um evento e me sentar perto de famosos como Antonio Fagundes, Marina Silva, etc, encontrar os debatedores do evento na mesa de praia, nas lojas da cidade, etc., mas por estar num momento e lugar tão conectados com essa fase de vida que considero nova.

Na primeira mesa dos autores, tive a certeza definitiva que estou profundamente conectado com minhas escolhas e minha história. Graciliano Ramos, por sua obra "Vidas Secas", me fez tanto começar a entender minha origem e a dos meus pais, quanto abriu as portas da liberdade que me conduziu ao Serviço Social, paixão que me aplaca desde então e me pôs no barco que me levou e me leva num cotidiano de sentimentos e concretudes irrevogáveis e que me fazem mais eu, o eu com o todo que me cerca.
Os críticos literários e estudiosos da obra de Graciliano aprofundaram um instigante debate, percorrendo as diversas possibilidades de se captar conexões entre arte, denúncia, política e paixões na escrita do autor, cujo estilo marcou a história da literatura brasileira pela inquietude e implicações político-sociais que causa em seus leitores. Um aspecto interessante foi a discussão sobre como se dariam os vínculos de Graciliano Ramos hoje, em época de textos curtos e eletronicamente vinculados ao instantâneo dos blogs e das redes sociais. A conclusão que cheguei é o inverso do problema, ou seja, como seriam as características literárias dos blogueiros, etc. se não existisse a influência da crítica, da contundência, da acidez política, da ironia, da concretude e da paixão que certamente foram impressos por Graciliano na nossa linguagem brasileira?
A mesa da tarde, que debateu a relação entre literatura e revolução, contaria com a presença do escritor egípcio Tamim Al Barghoutti que infelizmente cancelou sua participação devido a contratempo no aeroporto de Londres, onde faria conexão para o Brasil. Entretanto, sua carta com pedido de desculpas emocionou a platéia ao relacionar de forma crítica o contratempo que teve, com as tentativas de classificarem as manifestações sociais do mundo árabe também de "contratempos" políticos, ainda que sejam eventos bastante controversos e complexos.
Em substituição ao autor egípcio, tivemos as presenças de peso de Vladmir Safatle e de Milton Hatoum, ambos de origem familiar árabe e conectados com os desdobramentos políticos e sócio-culturais daquela região. Os autores trouxeram diversas formas de se compreender o caminho que a literatura pode percorrer em um contexto de turbulência política de uma sociedade ou de uma cultura. Citaram as experiências que escritos populares nos rincões das sociedades árabes, tiveram na incursão das pessoas às manifestações e confrontos políticos que mudaram ou que anseiam mudanças em seus países.
Situaram também que a literatura deve, além de não ser usada para doutrinar e sim para enriquecer a cultura, acompanhar o movimento político sem se preocupar em explicá-lo, nem categorizá-lo de "revolução" de "revolta" etc., dado que os próprios personagens envolvidos precisam ser ouvidos e terem a chance de serem compreendidos em sua originalidade (pois, somente sabemos destes contextos do ponto de vista ocidental e, principalmente, euro-americano). Assim, ilustraram o debate, afirmando que os resultados de um grande movimento social, ao ser expresso pela literatura, devem retratar principalmente suas contradições e seu movimento dialético, de idas e vindas, para que se faça presença também como marca cultural de uma época.
A última mesa que acompanhei, agora pelo telão, foi a penúltima atividade do evento e discutiu como o Ensaio pode ser uma forma de expressão artística e literária, sem necessitar de uma forma tacitamente definida, como ocorre no Brasil, por exemplo, onde o estilo está ligado à produção acadêmica. Os debatedores, ambos de cultura anglo-saxã, expuseram os caminhos que percorrem para concretizarem seus escritos que não só querem oferecer elementos literários aos seus leitores, mas também proporcionar contato intenso e livre com o conhecimento e com as formas sociais de se relacionar com eles.
Encerro citando que, dentre várias emoções e aprendizados, é preciso um olhar diferente antes de afirmar que a FLIP é somente um festival elitizado. É claro que, sendo produto de mercado, a literatura de destaque vai agregar valor de capital, ainda mais num ponto turístico espetacular que é a cidade de Paraty. Porém,  ao descobrir que a FLIP agrega condições de apoio e parceria com outros eventos literários Brasil à fora, como a FLUPP, festa literária das favelas do Rio de Janeiro, se pode ampliar o alcance de sua importância.
Evidente que pensar em se hospedar em Paraty e custear a participação integral na FLIP exige preparar bem o bolso com bastante antecedência. Mas, quando se tem amigos pode ser muito diferente. Por exemplo, se pode juntar uma galera para passar um dia ou dois na FLIP, mas se hospedando em Ubatuba (fica há 1 hora de carro, saindo do Centro) no Recanto dos Grilos, dos meus amigos Rui e Vera e depois desfrutar da cidade, escolhendo algumas das 100 praias deste paraíso paulista, além de poder dar um trato no visual visitando o salão DMA ou a Daniel Barbearia, sendo muito bem recebidos pelos queridos amigos Daniel e Meyre.
Até a próxima!

quinta-feira, julho 04, 2013

#Eblog, muito mais que virtual: Anticapitalista e libertário

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"A Cruz Que Me Carrega" - Dança Contemporâneo-brasileira


A cruz que me carrega, espetáculo de dança contemporâneo-brasileira, concebido pelo Núcleo Pé de Zamba, com direção de Andrea Soares, estreia no Sesc Pinheiros, em São Paulo, nesta terça, dia 25 de junho, dentro da programação do Projeto Fora do Palco, e segue em temporada todas as terças e quartas, até o dia 10 de julho, sempre às 20h30.
Com música ao vivo e um elenco múltiplo composto por bailarinos, músicos e atores, o trabalho foi pensado para espaços não convencionais e se inspira na trajetória da população afro-banto, vinda ao Brasil na condição de escravizada.
Ao investigar aspectos desta migração através das manifestações culturais encontradas na Irmandade de N. Sra. do Rosário de Justinópolis, o grupo identificou reverberações culturais surgidas a partir da chegada destes africanos. “A Irmandade é uma comunidade centenária sediada em Ribeirão das Neves, Minas Gerais, e funciona como um lugar que acolhe e une a comunidade afrodescendente da região, a exemplo do que acontecia desde a escravidão com tantas outras irmandades dos homens pretos em todo o país”, aponta Andrea Soares, cuja pesquisa de mestrado investiga a interface entre a contemporaneidade e as culturas populares tradicionais brasileiras, passando especialmente por questões ligadas à afrobrasilidade, em seu cunho artístico e político-social.
A cruz que me carregaCom o Núcleo Pé de Zamba
De 25 de junho a 10 de julho
Terças e quartas-feiras, 20h30

Local: Praça do Sesc Pinheiros
Rua Paes Leme, 195 – Pinheiros – São Paulo (SP)
(11) 3095-9400)
Classificação: livre
Duração: 50min
Clique aqui para saber mais.

Tribunal Popular está nas ruas pelo fim da PM e garantia dos direitos humanos

Diante da revolta popular instaurada no Brasil, o Tribunal Popular vem a público para apresentar algumas bandeiras de luta e propostas que se somam às demandas cotidianas das ruas.

Tribunal Popular nasceu em 2008, com a perspectiva de denunciar os crimes do estado brasileiro, contra o povo pobre, a classe trabalhadora, os povos originários e as comunidades tradicionais.

Ao longo desse 5 anos o Tribunal Popular tem afirmado que existe uma marcha crescente de violações dos Direitos Humanos, fruto de uma consagrada aliança do estado brasileiro com o capital, que não tem respeitado o mínimo dos direitos do povo brasileiro.

As mortes da juventude nas periferias no Brasil, em particular a juventude negra, que nesses 10 anos, levou a morte de meio milhão de jovens, o encarceramento em massa, nos colocando em 4º lugar entre os países que mais encarcera no mundo. Encarcerando majoritariamente os jovens negros, fruto da “guerra contra as drogas”, patrocinada pelo estado brasileiro.

As ações militarizadas nas comunidades pobres do Brasil, que levou ao cúmulo de autorizar a utilização das forças armadas, agravando ainda mais a situação das populações periféricas e faveladas, as obras da Copa e a reorganização das cidades em favor da burguesia e da exploração do capital imobiliário, que removeu e removerá milhares de pessoas de suas moradias, as mortes do Guaranis Kaiowá e dos povos indígenas de forma geral em favor do agronegócio e construção de hidrelétricas para responder a lógica de um desenvolvimento capitalista, o encarceramento de indígenas que leva o Brasil a ser o país que mais encarcera e mata indígenas no mundo, o fim da reforma agrária e a reconcentração de terras no Brasil que data  dos anos de 1950, o envenenamento das águas, do solo, a utilização indiscriminada de agrotóxicos do mundo, os mega-projetos que destroem a natureza, rios e remove populações inteiras de forma violenta de seus lugares de moradia e referencia, são algumas das políticas oriundas do pacto do atual governo com a burguesia.

A realização da Copa no Brasil acirrou as violações dos direitos humanos. A aprovação da Lei Geral da Copa, que prevê um Estado de exceção e um campo aberto para a criminalização dos movimentos sociais, além da presença ostensiva da Força Nacional nos canteiros de obra, nos fazem crer que existe um golpe em curso: do estado contra o povo.

A Polícia Militar, o resquício bruto da ditadura, segue sendo agente destacado da repressão, criminalização e genocídio da população. Se a população em luta pede o aprofundamento da democracia, acreditamos que esta deve passar pela extinção imediata das PMs.

Além do que esses anos temos assistido um processo crescente de privatização da saúde  e da educação, entre tantas outras violações cotidianas que o estado em sua aliança com o capital tem imposto ao povo brasileiro, tornando inviável qualquer direito humano, se colocando como inimigo da humanidade. 

Por esses motivos o Tribunal Popular decide: Permanecer nas ruas até que cessem as violações dos Direitos Humanos ao povo brasileiro.

Seguiremos levantando as bandeiras:

1º Desmilitarização da Polícia.
2º Revogação do Decreto de Garantia de Lei e Ordem, contra a aprovação da Lei Antiterror e retirada da Força de Segurança Nacional das ruas,
campos e obras.
3º Demarcação imediata das terras indígenas, quilombolas e povos tradicionais. Contra a alteração no processo demarcatório. Fim do etnocídio dos povos indígenas.
4º Reforma Agraria Já.
5º Descriminalização do uso de drogas e regulamentação do comércio.
6º Fim do genocídio da juventude negra e reversão da atual política de encarceramento em massa no Brasil.
7º Liberdade imediata aos manifestantes e fim da repressão às manifestações.