quinta-feira, setembro 07, 2006

Entre a nulidade e a mediocridade do voto

Quero quebrar esse longo tempo de gelo de mensagens para fazer uma discussão que me incomoda bastante e dedicar essa mensagem como uma homenagem á nossa linda democracia e ao Dia da Independência (ou seria da Subserviência?) do Brasil.

Abaixo, há um link com um pronunciamento do presidente do TSE, Marco Aurélio.
50% dos votos nulos não anulam a eleição, diz Marco Aurélio, do TSE

Já era hora de alguém do gabarito dele falar sobre eleições e democracia, pena que de uma maneira tão “pueril”, parafraseando um amigo meu, o Divino.

Falar de voto nulo NUNCA foi tão útil quanto nessas eleições. Eu me lembro que já fiz essa discussão aqui, se não me engano trazendo a referida questão dos 50% mais 1 de votos nulos anularem ou não uma eleição. Mas ninguém dava atenção para isso, afinal, o poço de veneno (para não falar de m . . . . ) da República ainda não havia sido aberto.

Porque será que o presidente do TSE se digna a dar a sua “interpretação” da lei referente ao voto? Sim, porque o conjunto legal não é claro o suficiente para concretizar a situação ou, no limite, não dá opção ao eleitor no caso dele não escolher nenhum candidato.

Será que ele sabe, por meio de pesquisas, que o percentual de votos nulos será tão grande que porá em cheque a tão falada “consolidação da democracia” no Brasil? Penso que não, pois acredito que os que votariam de maneira válida seriam considerados “heróis da democracia”, seguindo a esdrúxula maneira de se tratar a história brasileira.

Será que se sentiu culpado pela campanha do TSE não mencionar como se vota nulo? Pode até ser, até porque aquela campanha ENCHE O SACO, chamando o eleitor de “patrão” e o candidato de “futuro empregado”. Marx e Engels devem estar se revirando no caixão!

E fora outras dúvidas, os argumentos contrários e mais correntes (na grande mídia, é claro) sobre o voto nulo é que, fazendo isso, o eleitor NÃO impediria que o candidato ruim seja eleito, já que o voto nulo em larga escala não “forçaria” uma nova eleição, pois, segundo o presidente do TSE, “nulidade” seria aquela caracterizada pelos votos fraudados. Logo, o eleitor se vê compelido a votar no candidato “menos pior” e assim pode cumprir seu “papel de cidadão”, não colaborando com os “picaretas” dispostos a ganhar o pleito.

Ora, e se o eleitor, em sua consciência política, não identificar em nenhum candidato o mínimo de suas aspirações políticas? O que fazer com ele? Seria viável então criar o botão na urna eletrônica, chamado de NVC - “NENHUM DE VOCÊS ME CONVENCEU” ?

Definidamente, a postura do presidente do TSE, no meu entender, foi parcial e inadequada para alguém de seu posto. Ele, se pronunciando, poderia apontar a grande falha na lei, que nos impinge a ser ÚTIL na hora do voto. Explica-se agora, mais do que nunca, porque o voto é obrigatório no Brasil.

Pois se já não bastasse não ter bons candidatos ou partidos, somos manipulados a escolher entre a nulidade rotuladamente burra e a cidadania alegremente medíocre.

terça-feira, março 21, 2006

Ímpeto

Meu ímpeto não muda o mundo
Mas me muda

Não fico mudo, nem um segundo
Relato, rebato, sem recato

Peço, chamo, instigo
Porém penso no “castigo”

Divindades pagãs são as que me castigam
Sopram liberdade aos ventos e entopem meus ouvidos

Reclamo da hora que não chega
Fabrico horas para que meus desejos se aproximem

E sempre chegam arrebentando
Decidindo e reincidindo

Transformando e me envelhecendo
Empurrando-me para a morte e para o início da vida

Como uma flor
Ou como um fuzil

E quando de cor anil me cansa os olhos
Eu os fecho

E aguardo o outro dia
Sempre...