domingo, outubro 28, 2007

A Vitória e o Tempo

Parei de pensar
De refletir por um só segundo
E me perdi


Foi um segundo denso, maciço
Desmontou estruturas antes funcionais do que sabia ser o tempo


E retomo o pensar
Agora no que os milésimos de segundo me deixaram
Encanto, ardor, espera, medo, angústia, lágrima, amor e tempo

O que passa pelos olhos reverbera nos ouvidos e nos excita é o encanto, aguçando os sentidos e os mesclando
Insuflando o que é mais íntimo e visceral, o ardor do existir levanta suas bandeiras e clama por revolução
Mas há os momentos que, criados ou não, são integrantes da espera, condição que exige estratégia ou mesura
O assombro do que não se sabe, daquilo que ameaça e não se tem domínio é o medo
Uma cratera se abre no peito, parecendo sugar todas as certezas e esperanças para um local etéreo e frio, pode se chamar angústia
E o que faz arrebentar o brio de um homem que tenta se libertar dos grilhões de um machismo alheio e imposto, senão a lágrima?
E tudo por conta daquilo que faz as coisas, idéias e pessoas que queremos se tornaram relíquias, o amor
E a justa medida do concreto, aquela que ninguém mensura para seu controle, mas, que define todas e quaisquer concretudes, o tempo.

Eis os fragmentos do real

Daquilo que nos encanta
Herdamos a espera
Que com o ardor do desejo de vitória
Macera-se no sopro do medo
E no grito da angústia
Com o tempero cristalino da lágrima
Adormece na proteção do amor
E não se sabe onde tudo isso caberá no tempo