quarta-feira, dezembro 22, 2010

terça-feira, dezembro 07, 2010

Guerra no Rio: Palavras e bravura


Fiquei dias pensando no que escrever sobre o que aconteceu no Rio de Janeiro...
Nem a reflexão das respostas de prova sobre Violência Urbana dos estudantes para os quais leciono me impulsionaram.
Um misto de constrangimento pela possível prepotência de falar algo de um lugar onde não piso com uma necessidade de dar alguma contribuição á realidade por de trás do hasteamento de bandeiras no "morro ocupado pelos heróis do Brasil", me paralisou e me botou a espera de alguém falar por minha percepção.
O artigo do Professor José Cláudio Souza Alves é daqueles produtos humanos que nos deixam indagando sobre como deve ter ficado por dentro alguém que se põe para fora numa escrita.
Meu agradecimento não vai somente á ele, mas á vida na história social, que nos permite alimentar e reverberar o que dos humanos consideramos mais humanos.
Para ler o artigo, clique aqui.

terça-feira, outubro 26, 2010

O Legal Obscuro do Aborto

Me atrevo a dar uma palavrinha masculina sobre o aborto.
Bom, já ouvi de várias mulheres que a opinião masculina sobre isso é desprovida de concretude, pela obviedade de eu não poder engravidar. Porém, não me furto a ter opinião sobre pelo fato de ser de outro gênero ou apenas por uma questão moral, mas pela consciência política em relação à cidadania presumida para um estado laico.

Sobre moralidade: sabiam as mulheres (e talvez até alguns homens) que há moralidade conservadora correspondente ao aborto para os homens? A masturbação é pecado mortal para o cristianismo católico e tem duas raízes de fundamento: a atitude egoísta de ter prazer individual e...o assassinato dos espermatozóides...
Isso mesmo! Para São Tomás de Aquino (pai do Tomismo e fonte do Neotomismo), os espermatozóides geravam a vida e, portanto, teriam de ser externados apenas em relações sexuais com fins procriativos, do contrário estaríamos "matando-os". Existiu até pena de morte para o réu...
É claro que a amplitude social de reprodução desta característica moral masculina não permaneceu com o fôlego que ainda tem o aborto, e é aí que eu queria chegar.
Essa moralidade não se tornou inócua apenas porque a ciência comprovou que o desenvolvimento biológico humano inicial depende também do óvulo feminino, mas porque a base machista e patriarcal que fundamenta nosso cotidiano autoriza os homens a transgredirem, pela legitimação que lhes dão em face da culpa moral que deve recair sempre nas costas femininas, em detrimento da efetivação da sua plena liberdade, inclusive, de exercitar sua reflexão moral acerca do que pensa e faz com seu corpo, assim como para os homens é aceito.
Em outras palavras, com as que fundamentam a laicidade conquistada pela humanidade à duras penas (e vidas!), quero dizer que uma sociedade laica deve garantir políticas públicas que atendam vulnerabilidades de âmbito coletivo, e que tais ações sejam alheias de julgamento judicial em relação à moralidade que se impõe, ou seja, a liberdade da mulher ser favorável ou não ao aborto, não previne nem acolhe a demanda de outra que possa se situar num contexto semelhante, mas tomar decisões éticas distintas.
Um Estado Laico deve garantir a liberdade de reprodução moral religiosa e, ao mesmo tempo, não se constituir com fundamento em nenhuma e, assim, atender a TODAS as vicissitudes sociais com universalidade e qualidade.
Chega de mulheres morrendo em nome da moralidade machista!

segunda-feira, março 22, 2010

Manual da Felicidade Normal



A proposta deste manual é oferecer reflexões e esclarecer idéias sobre “ser feliz”:

  1. Cultive, carinhosamente, a sinceridade na sua conduta ética, mas não a exerça se a verdade a ser exposta ponha em risco sua comodidade em usufruir um cotidiano agradável;
  2. Para não perder relacionamentos, reafirme publicamente sua fé em algo passível de dúvida, mesmo que sua essência clame por respostas concretas;
  3. Reafirme o seu amor a alguém mesmo sem amá-lo, garantindo o prestígio de um sentimento que só existe de fora para dentro e não mais o contrário;
  4. Em nome de uma trajetória de sentimentos “bons” que duram “todos os dias de nossas vidas”, negue o que sente pelo outro a si próprio e omita ao outro sua percepção sobre o que ele sente por você;
  5. Os que não mais são amados devem usar seu cinismo como instrumento na intenção de gerar motivação de ódio que justifique a depreciação histórica do amor que se foi;
  6. Para se criar um bom drama, agregue fatos semelhantes, mesmo que incongruentes, em uma justificativa moral que lhe dê potência de vítima tão grande quanto a falsidade moral do seu próprio drama;
  7. Se você for do sexo masculino e se afirma socialmente como homem, não ponha fim num relacionamento “firme” com uma mulher e acumule dezenas de amantes para justificar a tal “tendência genética” da conquista, bem como para preservar a “liberdade de amar”;
  8. Se você for do sexo feminino e se afirma socialmente como mulher, não ponha fim num relacionamento “firme” com um homem e acumule desejos de amar outros homens para justificar a tal “tendência genética” da pureza, bem como para preservar “o amor eterno”;
  9. Seja passional até o limite que leva as suas razões delimitarem sua incapacidade de lidar com suas próprias paixões;
  10. Seja racional até o limite que leva as suas paixões delimitarem sua incapacidade de lidar com suas próprias razões;
  11. Pareça ser o que não é ou pareça ter o que não tem, pois o caminho de parecer é mais curto que os demais, mesmo sendo ilegítimo;
  12. Se perceber a sua reputação ameaçada, apóie-se no preconceito mais próximo, mesmo que este seja vil. Assim, você preserva sua imagem, ainda que esteja se sentindo um lixo;

  1. Não busque a intelectualidade, pois sair do modo primário de se pensar a vida implica em tomar posições que certamente lhe fará sair de condições cômodas, bem como lhe acarretará perdas óbvias.

REGRA PRIMORDIAL: Condene a hipocrisia do outro, utilizando a sua como fundamento e justificativa.

IMPORTANTE: Siga os procedimentos acima para alcançar a possibilidade de SER FELIZ aos olhos dos INFELIZES.

sexta-feira, janeiro 15, 2010

MACUMBA, SANTIDADE E MISÉRIA NO HAITI

O companheiro e militante em Direitos Humanos, Givanildo Manoel (Giva), suplantou minha necessidade de escrever sobre a fala medieval, racista e fascista do Cônsul do Haiti em São Paulo:


REZEMOS PELO HAITI

Por Givanildo Manoel (Giva)


Temo sempre falar em meu blog de assuntos que a mídia pauta, mesmo aqueles que considero importantes tratar, quando o faço, tento sempre buscar um equilíbrio que raramente encontramos nos tais telejornais, revistas ou jornais da grande mídia.

A primeira imagem que me chamou atenção, foi a declaração do Cônsul do Haiti no Brasil Jorge Samuel, um branco representando um país majoritariamente negro, essa representação por si só, já nos traria uma boa análise sociológica, mas a fala que foi gravada, quando ele falava em “off”, qual é o olhar de quem representa o país e o que pensa a elite branca mundial sobre o Haiti! Ele nessa conversa "informal", atribuía aos cultos haitianos de tradição africana, a responsabilidade pelas suas desgraças!

Outra situação curiosa, que não tem como desprezar tal o número de matérias, é o da morte da médica brasileira Zilda Arns, Mulher (mãe) Branca(redentora), que desenvolve trabalho assistencialista no Brasil e em alguns países, que morreu durante a tragédia no país, que pode passar dos 200 mil negros, justamente a morte dessa mulher branca conservadora é que tem prevalecido! Não tem como se perguntar, porque  esse apelo todo? E não tentar responder, que tem motivações da elite branca mundial e a brasileira em especial.


O Brasil na fase Lulista, que é o cara, já "ganhou" de tudo no cenário internacional, copa, olimpíadas, notoriedade etc. Agora, precisa ganhar uma Santa, no lugar aonde perdeu e perdeu feio, com a sua desastrosa intervenção militar a mando dos estadunidenses, que é nessa ilha, cheia de negros “macumbeiros” (como falou o Cônsul haitiano) que ousaram ser livres e cultuar seus ritos ancestrais, levando-os  a carregar uma maldição indissociável a sua existência, a não ser que tenham uma Santa branca (claro!), mártir do assistencialismo e que estava ali para cumprir a saga do santo, morrer se doando!


Assim, em breve, toda a desgraça ocorrida no Haiti, aos poucos irá se dissipando da mídia, durante  algum tempo teremos aqui e ali flashes esporádicos, uma notícia aqui e ali por obrigação, suas vidas desgraçadas continuarão, talvez a seleção brasileira vá lá a mando do presidente para "solidarizar-se" e os haitianos depois de assistir “seus” ídolos,  voltarão a cumprir a sua sina.


Um belo dia, veremos o Haiti tomar a mídia nacional novamente pela mãos da grande mártir, que deu sua vida pelo povo haitiano, sendo indicada para o Nobel da Paz pós sua morte e ganhando evidentemente e logo em seguida, o Vaticano iniciando o processo de santificação  daquela mulher branca e  pura, seguidora da religião de tradição judaico-cristã, redentora da humanidade e dos povos impuros, que foi limpar os haitianos de sua maldição, que acabou tendo as suas vidas ceifadas lentamente  pelo mal que lhes assola, porém, essa mulher, voltará ao país redimindo-lhes de seu mal, como sua grande padroeira, quando eles poderão em caravana ir até a igreja erguida em sua homenagem,  para receber os fieis que serão purificados e espalharão pelo país  o caminho da purificação e superação de seu mal.
        
Esqueceremos assim, aquele país do povo que ousou desafiar a ordem burguesa,  que apavorou a elite branca mundial a mais de 200 anos, quando se rebelaram contra escravidão arrancando os seus grilhões e expulsando seus opressores brancos e se autodeterminado como um povo livre.

Esqueceremos que essa ousadia custou muitas invasões dos inconformados senhores donos do mundo, que não cansaram de invadir a ilha para retomar a ilha e impor a mais cruel forma de dominação humana, a escravidão, dividindo-o (Haiti e Republica Domicana) para dominar , ocupando como o fez os Estados Unidos em duas ocasiões, ou tendo presidentes  fantoches ( Papa e Baby Doc ) e fiéis aos interesses estadunidenses.
Esqueceremos principalmente, que somos nós (brasileiros) que ocupamos o Haiti, a pretexto de civilizar os negrinhos abusados que não sabem escolher presidentes, tendo imposto as maiores crueldades, com a nossa visão sub-imperialista ou fazendo o trabalho sujo dos senhores do norte, que expulsaram o seu presidente mal.

Esqueçamos tudo isso e Rezemos pelo Haiti, para que esse povo impuro pare com suas “macumbas”, esqueçam a sua grandeza e ousadia na história e que nada de mal mais lhes acontecerá...



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Abraço fraterno,


Giva

blog:http://infanciaurgente.blogspot.com/

"Governo que não respeita a Defensoria Pública, não respeita os direitos da sua população!"