quinta-feira, janeiro 17, 2013

Perfeita felicidade?



Eram mesmo sábias as palavras que José Saramago nos deixou sobre a perfeição, quando dizia que "há momentos assim na vida: descobre-se inesperadamente que a perfeição existe, que é também ela uma pequena esfera que viaja no tempo, vazia, transparente, luminosa, e que às vezes (raras vezes) vem na nossa direção, rodeia-nos por breves instantes e continua para outras paragens e outras gentes."

E a felicidade em ver e ser acompanhado por essa "esfera"? Indescritível! Você se sente pleno, absoluto, poderoso diante da vida. Chega-se até começar a aprender a seguir o voo dessa "esfera", mas ela não permite que aprendamos tudo, e é nesse momento que ela vai embora...

Vai, deixando a eterna questão do porquê não temos o "direito" de ter uma vida perfeita para sempre. E as aspas são mesmo de questionamento, pois ao invés de apreciar as idas e vindas da "esfera", escolhemos com mais facilidade a postura mais fácil, que é a de lamentar a perda, se vitimizar, se autoatribuir "direitos" e exigências precípuas que, em geral, não condizem com a realidade à sua volta.

Estava aqui e por que se foi a "perfeição"? Para onde ela foi?

Talvez ela vá rodear aquele/a de coração livre, menos impregnado de bolor histórico. Ou então, vá convidar com sua beleza a sensibilidade justamente daqueles/as que tem "certeza" de que estão no caminho da perfeição, mesmo ruminando crenças de que o outro não deve ser perfeito.

Fico avistando no horizonte e no tempo...

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