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Arte: Salvador Dalí |
Entre o andar do ponteiro
Da hora que se quer eterna
Ou daquela que parece jamais chegar
Está o querer ser
Ainda que se conheça esse deleite
Urge ser mais do que foi ontem
E se for espelhada noutro ser
Vai ocupar seu peito o calor que é o do seu bruto ser
E teu ego imediato vai reclamar
Agora, sem demora
Pelo momento de ser eu em você
Numa noite, numa manhã
Entre um ponteiro e outro
Suas costas conversam com meu ser
Mandam sentir tua nuca
Dar nó em suas pernas
E você está, em cada lacuna do ponteiro
Uma depois da outra
Igual meus lábios, beijo após outro
Madrugada após outra
Se contar o tempo pode aliviar a saudade
Tenho de um a dezoito, dias de vontade
O infinito numeral, pra mim, parou nesse decimal
Congelou teu ser, seu estar
Alívio é só quando você está, no meu ser.