Tarde de chuva fina em São Paulo. Mais uma tarde chuvosa.
No farol vermelho da rua congestionada param os carros. Mais um farol vermelho.
Passando entres os carros, um a um, um “menino de rua” pedindo esmola. Mais um menino.
Ao se aproximar de mim, o menino pergunta: “Tem uma moeda?”. E escuta minha resposta: “Não lhe dou uma moeda porque um menino, na sua idade, deveria estar na escola há essa hora”.
“Você nem sabe quantos anos eu tenho!” Exclamou o menino, com semblante de adulto sério. Ao perguntar seu nome, ouvi um “Marquinhos” em tom baixo, seco, mas com voz de menino.“Marquinhos, vou voltar um dia e quero que você me diga que está na escola, certo?”.
Avancei com o carro ao farol verde e, olhando para Marquinhos, não obtive retorno da minha proposta. Somente um olhar fulminante e intenso de dúvida e, talvez, raiva.
Outra tarde, mesmo farol. De longe, em outra faixa de pista, vejo Marquinhos novamente entrecruzando os carros. Mão pequena em posição côncava encontra-se com mão adulta em posição convexa. Cai da segunda mão o objeto que concretizou o que chamam de “virtude”.
A virtude da caridade e, conseqüentemente da esmola, fez a mão do adulto erguer-se e este, o adulto, a pedir a repetição de Marquinhos do gesto corporal que roga ao “Pai” ao “Filho” e ao “Espírito Santo”. Marquinhos abre de vez o sorriso, repete o gesto do adulto e abre-se o farol verde. E o carro do adulto avança, com este sorrindo de virtuoso “regozijo”.
O menino na rua finalmente respondeu a uma proposta. Mas ficou a dúvida.
Estar na rua por que? Para fomentar virtudes?
Guardar moedas no carro para que? Exercer a caridade?
Exercer a caridade para que? Para acumular virtudes?
Eis o ciclo! O ciclo da confirmação “predestinada” da pobreza.
Pobreza de que?
Ao presenciar o trabalho infantil ou qualquer situação que avilte os direitos das crianças e dos adolescentes, ligue para o Conselho Tutelar de sua cidade.
Ser é Lutar!
Luciano Alves
No farol vermelho da rua congestionada param os carros. Mais um farol vermelho.
Passando entres os carros, um a um, um “menino de rua” pedindo esmola. Mais um menino.
Ao se aproximar de mim, o menino pergunta: “Tem uma moeda?”. E escuta minha resposta: “Não lhe dou uma moeda porque um menino, na sua idade, deveria estar na escola há essa hora”.
“Você nem sabe quantos anos eu tenho!” Exclamou o menino, com semblante de adulto sério. Ao perguntar seu nome, ouvi um “Marquinhos” em tom baixo, seco, mas com voz de menino.“Marquinhos, vou voltar um dia e quero que você me diga que está na escola, certo?”.
Avancei com o carro ao farol verde e, olhando para Marquinhos, não obtive retorno da minha proposta. Somente um olhar fulminante e intenso de dúvida e, talvez, raiva.
Outra tarde, mesmo farol. De longe, em outra faixa de pista, vejo Marquinhos novamente entrecruzando os carros. Mão pequena em posição côncava encontra-se com mão adulta em posição convexa. Cai da segunda mão o objeto que concretizou o que chamam de “virtude”.
A virtude da caridade e, conseqüentemente da esmola, fez a mão do adulto erguer-se e este, o adulto, a pedir a repetição de Marquinhos do gesto corporal que roga ao “Pai” ao “Filho” e ao “Espírito Santo”. Marquinhos abre de vez o sorriso, repete o gesto do adulto e abre-se o farol verde. E o carro do adulto avança, com este sorrindo de virtuoso “regozijo”.
O menino na rua finalmente respondeu a uma proposta. Mas ficou a dúvida.
Estar na rua por que? Para fomentar virtudes?
Guardar moedas no carro para que? Exercer a caridade?
Exercer a caridade para que? Para acumular virtudes?
Eis o ciclo! O ciclo da confirmação “predestinada” da pobreza.
Pobreza de que?
Ao presenciar o trabalho infantil ou qualquer situação que avilte os direitos das crianças e dos adolescentes, ligue para o Conselho Tutelar de sua cidade.
Ser é Lutar!
Luciano Alves